Criar uma Loja Virtual Grátis
o melhor das letras está aqui!

jj
Total de visitas: 9082
entrevista com cantores

25 de abril de 2006


Aqui no weletras Wanessa camargo fala do amor que sente pela família, música e dança.





Vinte e três anos. Se você subtrair sete ou oito disso terá como resultado o tempo de carreira de Wanessa Camargo, uma carreira hoje bem mais madura e sólida. Entre as aulas de balé, danças, coreografias e shows por todo o Brasil.

Wanessa é falante, simpática e se torna bastante emotiva quando o assunto é a sua família, o reconhecimento nacional e o estouro de suas canções nas rádios, afinal todas as as músicas de trabalho de seus cds ficaram entre as mais tocadas. E assim comprovamos que a imagem de alguém simples e simpática que deu certo profissionalmente é absolutamente real.







Era uma Vez



Apesar de ter passado uma infância financeiramente limitada, seus pais, Zezé e Zilu, nunca deixaram de colocar seus filhos em boas escolas. Ela se lembra bem de ter sofrido muito por causa do preconceito que os outros alunos tinham em relação a ela.

"Nunca me esqueço, a diretora da escola parecia uma bruxa, aquela do Mágico de Oz, sabe? (risos). Ela entrava na sala de aula e ficava dando indiretas porque meu pai atrasava nas mensalidades".





"Apesar das dificuldades e dessas discriminações, eu sabia que ao chegar em casa teria ali minha família unida. Mesmo que algumas discussões e desavenças surgissem de vez em quando, como em toda família, eu sempre soube que eles são o que eu tenho de mais valioso na vida. Por isso, nunca me importei com esses preconceitos, apesar deles me deixarem chateada. Tenho muito orgulho do esforço dos meus pais e da da vida que eu tive".

Com relação ao amadurecimento artístico Wanessa conta que tudo aconteceu naturalmente. Já há quase uma década na estrada, Camargo diz não medir esforços para investir sempre mais em seu grande sonho: o de ser cantora. Desde pequena ela já ensaiava os primeiros passos.

"Aos oito anos eu tinha uma banda cover mirim com uns amigos. Nós dublávamos de Xuxa à Leandro e Leonardo".




Eu Sou mais Eu



Desde as primeiras composições até o primeiro cd gravado, ela nos conta que penou um pouco, já que o fato de ser filha de alguém tão famoso pode até facilitar as coisas por um lado mas também prejudica pelo outro.

"As pessoas me apontavam como a filha do Zezé, que eu estava ali, tocando nas rádios e vendendo só por causa dele". Mas ela garante que essa fase foi superada com sucesso, graças ao seu trabalho, e conseqüente sucesso, nos discos, palcos e TV.

Wanessa Camargo já esteve ao lado de vários artistas com anos estrada, entre eles Rita Lee, Elba Ramalho e Daniela Mercury, não esquecendo de Eros Ramazotti, que em sua última visita ao Brasil cantou com ela em dueto. Além do reconhecimento desses entre outros nomes da música, a cantora oi destaque no Prêmio Multishow 2001 onde levou o prêmio de revelação o ano, ganhando de Nando Reis, Pedro Camargo Mariano e Max de Castro.






"Eu fui mesmo sem saber o que faria lá, afinal só tinha seis meses de carreira naquela época. Fiquei surpresa e muito honrada com o prêmio
ainda mais por ele ser dado a partir da votação popular. Mas não posso deixar de falar da minha admiração pelos outros que concorreram comigo. Adoro o Nando Reis, inclusive fizemos um dueto na trilha do filme “Os dois filhos de Francisco".




Eu Estarei Aqui



Ela atuou no corpo de balé de Zezé Di Camargo e Luciano. Quando perguntada se teve que passar pelo teste, diz que fez o teste sim, como as outras meninas mas que foi atrás do coreógrafo do balé antes para ensaiar tudo direitinho.

"É, eu fiz uma "mutreta"(risos). Eu era só uma piveta de 17 anos no meio daquela mulherada toda. Mas passei e fiquei feliz em fazer uma das coisas que mais gosto na vida, dançar".

Depois do seqüestro de seu tio, Wellington Camargo, Wanessa e a família foram para os Estados Unidos. Lá ela passou por diversas experiências boas, como a escola de teatro que cursou, o coral do qual fez parte e das apresentações em algumas peças musicais, inclusive na Broadway e na Disney. Foi também nos Estados Unidos que gravou um cd demo com algumas canções:

"Num dia lá em casa meu pai recebeu uns amigos, executivos de gravadoras e lhes mostrou o meu cd. Eles gostaram e graças a isso voltei ao Brasil para iniciar definitivamente minha carreira solo".

A partir daí a história é conhecida: vários cds, dvds e shows de sucesso, chegando ao lançamento mais recente, o DVD ao vivo "Transparente", onde ela resolveu deixar a dança um pouco de lado para se concentrar mais na parte musical de todo o projeto ( ela está tomando aulas de guitarra para tocar um pouco nas suas apresentações).




Sem Querer




Seu nome já fez parte da lista das "cem mais sexy do mundo", da revista Vip. Apesar disso ela diz não explorar muito sua sensualidade.

"Me sinto ainda uma menina. Sei que muitos que vêem esse lado mulher não são fãs de minha música. Acho legal, mas não dou muito valor a isso".




Eu sou



weletras: Quando você não está nos palcos, onde você está
Wanessa: Com certeza trabalhando para estar nele.

weletras: Animal de estimação, algum?
Wanessa: Tinha uma gatinha que eu amava, mas ela sumiu de repente.

weletras: Homens mais velhos ou mais novos?
Wanessa: Homens verdadeiros, com caráter independente da idade. Mas eu nunca namorei ninguém mais novo (risos).

weletras: Falando em homens... Cite um perfeito para você.
Wanessa: Meu namorado, Marcos (risos).

weletras: Religião?
Wanessa: Fui batizada no catolicismo, mas não freqüento (a igreja). Me considero uma pessoa de fé.

weletras: Um ídolo?
Wanessa: Meus pais.

weletras: Uma música que marcou?
Wanessa: Minha primeira música de trabalho, “O Amor Não Deixa”.

weletras: Um amor que marcou?
Wanessa: O primeiro menino que me apaixonei na escola, foi a primeira vez que senti meu coração bater forte de verdade, quando fui correndo escrever no diário (risos). Devia ter uns 9 anos.

weletras: Algo que não tem preço na vida pra você?
Wanessa: O amor da minha família.

weletras: Um livro?
Wanessa: O primeiro que eu li, O Pequeno Príncipe de Saint- Exupery.

weletras: Um filme?
Wanessa: Os dois filhos de Francisco, não é propaganda não (risos). É que fazia tempo que não chorava tanto num filme. E um que gostei bastante também foi o "A Cor Púrpura", de Spielberg.

weletras: Uma mania?
Wanessa: Vivo enrolando o cabelo, às vezes eu enrolo tanto que chega a dar nó (risos).



weletras: Um dia triste.
Wanessa: O dia do seqüestro do meu tio foi um dos piores da minha vida. Outro que marcou bastante foi quando tive um desligamento da cartilagem e o médico afirmou que nunca mais voltaria a dançar - coisa que não aconteceu, graças a Deus.

weletras: E Um dia feliz?
Wanessa: A primeira vez em que subi no palco. Foi ali que tive certeza do que queria realmente fazer pelo resto da minha vida. Ah, um dia muito feliz também foi o do nascimento do meu irmão, quando pude acompanhar tudo de pertinho, em todos os momentos. Nunca vou me esquecer desse dia também.




18 de Junho 2007 entrevista com paulo ricardo:



Paulo Ricardo pode não ser o Roberto Carlos mas viveu muitas emoções. Em pouco mais de vinte anos de carreira ele foi quase tudo: pioneiro do jornalismo rock no Brasil (escreveu para a Somtrês e biografou KISS e Iron Maiden nas revistas posters que enfeitaram - e se duvidar ainda enfeitam - vários quartos de adolescentes Brasil afora), ídolo do underground roqueiro paulistano (quando o RPM ainda tocava em porões como o Madame Satã) e símbolo máximo do BRock pós Rock in Rio. Sim, porque se hoje em dia é mais comum se falar de Legião Urbana ou dos Titãs quando nos lembramos daquele ano de 1986, o fato é que foi o RPM a banda símbolo daquele momento, com milhões de discos vendidos, e a foto de Paulo Ricardo estampando cadernos, capas de revistas e até álbuns de figurinhas.






Uma das regras não escritas do pop diz que um grande sucesso é seguido de uma queda que às vezes pode ser fatal. Com o RPM foi assim. O terceiro disco (segundo de estúdio) "Quatro Coiotes" não foi bem recebido pela crítica e incompreendido pelo público que não entendeu muito o clima quase progressivo daquelas músicas. Para piorar mais as coisas, a euforia pós Plano Cruzado tinha acabado e o país estava mergulhado em um inferno econômico, o mesmo inferno pelo qual passava a banda com brigas e disputas internas. Foi assim que em 1988 o RPM se despediu.

Paulo Ricardo depois continuou solo, reeditou algumas versões da banda (mas nunca com o tecladista Luiz Schiavon) e se casou com Luciana Vendramini matando de inveja toda uma legião de ex-adolescentes.Cansado de dar murro em ponta de faca cometeu o que para muitos foi uma loucura: resolveu virar um cantor romântico e disputar espaço não mais com seus colegas de geração ou com as bandas que então faziam sucesso, mas com Fábio Jr, Roberto Carlos ou Enrique Iglesias. Não se pode dizer que ele tenha sido mal sucedido, afinal ele vendeu bem e conquistou mesmo esse público, mas o estranhamento dos antigos fãs era inevitável. Com o tempo Paulo se cansou e quis voltar ao pop. Primeiro armou uma volta do RPM que rendeu um disco ao vivo e uma grande turnê.

Quando chegou a hora de pensar o terceiro álbum de inéditas a banda rachou. Schiavon e o guitarrista Fernando Deluchi queriam manter a sonoridade antiga. Os Paulos (o outro era o baterista Paulo Pagni) queriam dar uma nova guinada. Assim o RPM acabou de novo e Paulo Ricardo montou o PR.5 que não fez muito sucesso. Nesse meio tempo ele ainda gravou um disco de covers de sucessos internacionais e até virou professor de história do rock.

Agora é 2007, Paulo está lançando "Prisma" um cd com uma pegada mais pop e forte cheiro de anos 60 e 70. Ao mesmo tempo prepara o lançamento de uma caixa com toda a obra do RPM e avisa que as diferenças com os outros membros foram resolvidas. Para saber mais sobre seu atual momento e relembrar a sua tragetória fomos atrás de Paulo Ricardo. O resultado está aí embaixo.

Entrevista



Ao ouvir seu disco novo percebi um clima bem anos 70 nele. Seja nas baladas com clima bem soft rock ou em "Eu vou voltar pro frio" que lembra muito a disco brasileira feita na época. A intenção era essa mesmo? Seria esse um disco aonde você deixou as suas memórias de adolescente ditarem o rumo?



Minhas memórias estão sempre presente, mas acho que há sim uma forte influência dos anos 70 e até dos anos 60 nos vocais e nas cordas.




Nesse disco, mais do que em qualquer outro que você fez, o Paulo Ricardo beatlemaníaco também parece ter dado as caras. Acho que nunca a influência deles no seu trabalho foi tão forte, você concorda?


Site Oficial: Divulgação

Paulo Ricardo
Yeah, yeah, yeah!




Você voltou a tocar com o Luiz Schiavon no Faustão e admitiu que o RPM pode voltar no meio do ano com a formação original. Já existe algo de concreto? E dá pra falar dessa caixa com os trabalhos da banda que está para sair?



A caixa deve sair em outubro e trará, além de nossos 3 CDs, com suas capas originais, um 4º CD com remixes, lados B e outras coisas inéditas em CD, além do DVD com o show "Rádio Pirata" ao vivo, gravado no Ginásio do Ibirapuera, em dezembro de 86. O projeto gráfico é de Luiz Stein e as fotos de Rui Mendes. Lançaremos também nossa biografia, por Marcelo Leite e faremos alguns shows para comemorar o evento.




Como foi dito, o RPM acabou novamente porque você e o Paulo Pagni tinham uma idéia sobre o futuro do grupo diferente da dos outros dois? Vocês conseguiram (ou acha que vai conseguir) resolver essa pendenga?



Conseguimos, está tudo resolvido. Inclusive os 2 participaram de um dos meus últimos shows em São Paulo.




Caso a banda volte, você pretende continuar fazendo discos solos, com uma visão mais particular para evitar que esse tipo de briga volte a acontecer? Ou você acha que quando se está numa banda o certo é se dedicar 100% a ela?



Esse é o combinado, estipular prazos para as atividades de grupo, enquanto mantemos nossos projetos solo. Assim é mais saudável.




Olhando para o passado você seria capaz de dizer o exato ponto onde as coisas ruíram para o RPM? Se pudesse voltar ao passado mudaria algo?


Site Oficial: Divulgação

Paulo Ricardo
São tantas coisas que eu levaria várias páginas para enumerá-las, mas o que importa é que todos os problemas estão superados e hoje temos muito orgulho do que realizamos juntos.




E se o disco 4 Coiotes tivesse vendido tanto quanto os dois anteriores? Será que a história teria sido diferente?



É possível, quem sabe? Mas não acredito.




Queria saber alías como foi pra você ver o cenário do rock brasileiro se afunilando no fim dos anos 80 e começo dos 90 quando somente umas poucas bandas conseguiram se manter em evidência. Você sente falta dos momentos de histeria de 1986?



Não sinto falta de nada. Se você tivesse ido ao meu show no Tom Brasil, em 25 de maio, saberia porquê. Quanto ao funil, é natural e acontece em todas as áreas.




Lendo uma entrevista do Paul McCartney recentemente ele disse que tão logo se lançou como artista solo, descobriu que seria impossível superar os Beatles e que isso era algo que mais cedo ou mais tarde todas as bandas que chegaram bem próximo disso também percebem. Guardadas as devidas proporções isso se aplicaria ao RPM?



Citando novamente Paul McCartney e guardando as devidas proporções, eu diria que o RPM é um fantasma, mas um fantasma camarada. Se a memória de Paul já está quase cheia, já eu acho que ainda tenho muito por fazer.




Será que foi por isso que de repente você achou melhor mudar não só de posição, mas de esporte, trocando o rock pela música romântica?


Site Oficial: Divulgação

Paulo Ricardo
Não troquei nada, apenas me permiti incorporar novas experiências à minha formação. Eu acho que, nos meus 2 últimos CDs – Acoustic Live e Prisma – há um pouco do Paulo Ricardo do RPM e do Paulo Ricardo solo.




Você disse recentemente que precisou "matar" aquele Paulo Ricardo para manter a sua sanidade. Que lições - boas ou más - ficam desse período?



Sou uma pessoa muito intensa. Sempre mergulho de cabeça mas, como nos ensinou meu grande amigo Marcelo Rubens Paiva, às vezes isso pode ser perigoso.




Em outra entrevista sua durante os anos 90 você reclamava que aparentemente os críticos e jornalistas estavam meio querendo apagar o RPM da história, minimizando ou mesmo ignorando a banda. Você tinha mesmo essa impressão?



Tinha.




Ao mesmo tempo hoje em dia se percebe que a banda é tratada com mais carinho (vide o livro Dias de Luta ou o especial sobre o Revoluções por Minuto que a MTV preparou). Mudaram os críticos ou as opiniões?



Depois da volta do RPM no especial RPM MTV 2002, que foi muito bem sucedido, percebi que essa questão era irrelevante.




Por falar nisso poucos sabem que você começou escrevendo. Você acompanha a nova imprensa rock brasileira? Gosta de algum jornalista ou publicação em particular?



Acompanho, na medida do possível. Gosto muito do trabalho que o Ivan Finotti vem fazendo à frente do Folhateen e do site Omelete.




Esse lado jornalista ainda está presente? Você sente vontade de escrever resenhas ou mesmo algo de mais fôlego como uma auto-biografia? Ou ao menos ainda tem aquela coisa de crítico que sempre vai atrás de todas as novidades?




Paulo Ricardo
Deixo a biografia a cargo do competente Marcelo Leite, que também escreveu o livro Madame Satã, contando a história da casa. Procuro me manter informado e ouvir as bandas novas que se destacam, como Cansei de ser Sexy, Snow Patrol e Arcade Fire. Confesso que não adorei os Arctic Monkeys, por exemplo. Mas não tenho saco de ouvir TUDO que está hypado. Hoje tenho um blog no IG onde escrevo todos os dias, além de colaborações esporádicas, o que tem me dado muito prazer.




Por falar em livro você como grande fã do Roberto Carlos gostaria de falar algo sobre a proibição da biografia dele?



Sabia que isso ia acontecer e comprei o meu logo que saiu. Depois que o Roberto Carlos se manifestou a favor da censura do filme "Je vous salue, Marie", de Jean Luc Godard, nos anos 80, nada mais me surpreende.




Você também gravou um disco de covers no esquema voz e violão. Você pensa em fazer mais discos assim, de intérprete entre trabalhos autorais?



É possível. O trabalho foi muito bem recebido, assim como o Rock Popular Brasileiro de 96. Mas não, não há nenhum plano concreto nesse sentido por enquanto.




E essa coisa de ser "professor de rock" na Casa do Saber? Como foi a experiência? Você e o Cadão Volpato pensam em repetir a dose? De repente até levar o curso para outras cidades?



A experiência foi maravilhosa e vamos sim repeti-la, em agosto, numa edição revista e ampliada. Quanto a outras cidades, é difícil, mas não é impossível. Talvez numa edição resumida.




Que discos você anda ouvindo ultimamente?



O último do Keane, "Under The Iron Sea", Corinne Bailey Rae e Jeff Buckley.




Para encerrar, se uma banda ou artista jovem te pede dois conselhos: um sobre o que fazer e outro sobre o que não fazer para se ter sucesso nessa carreira o que você falaria.



1) Desista 2) Não ouça conselhos. Siga o seu instinto.





15 de Maio 2007

"Cada um de nós sabia onde tinha pisado na bola nos anos 80", Fê Lemos






O Capital Inicial está há quase 25 anos na estrada, um feito não muito comum. Menos comum ainda comemorar um quarto de século com sucesso e um público renovado que em muitos casos sequer era nascido quando o primeiro disco (lançado só em 1986) saiu. Claro que nem tudo foram flores. O Capital Inicial foi a última das "três grandes bandas de Brasília" - Legião Urbana e Plebe Rude eram as outras - a gravar um disco completo (lançaram um compacto com Descendo o rio Nilo pela CBS em 1984). Mas o LP quando saiu foi um grande sucesso, com a música Música Urbana na novela Roda de Fogo(Rede Globo) e disco de platina. No ano de 87 tudo parecia brilhar para o grupo: foram convidados para abrir os shows da turnê de Sting pelo Brasil - e sofreram horrores nas mãos dos técnicos do músico inglês – assinaram contrato com o empresário Manoel Poladian e o disco "Independência" já estava com a faixa Independência tocando bastante nas rádios e televisões. Mas não foi bem isso o que aconteceu: o disco acabou com as vendas abaixo do esperado e a parceria com o empresário não funcionou e o cenário do rock brasileiro se afunilaria ainda mais entre os "três grandes" - Titãs, Paralamas do Sucesso e Legião Urbana, deixando pouco espaço para as outras bandas.

Foi assim que o grupo seguiu até meados dos anos 90, quando o vocalista Dinho Ouro Preto pediu as contas (ele montaria a banda Vertigo logo em seguida antes de tentar a carreira solo). Os irmãos Fê e Flávio Lemos (e o guitarrista Loro Jones) continuaram aos trancos e barrancos com o santista Murillo Lima no lugar do antigo cantor até 1998, quando a formação original voltou a se reunir, primeiro apenas para alguns shows comemorativos e depois pra valer. O primeiro passo desse "novo" Capital Inicial, foi o disco "Atrás dos Olhos" lançado nesse mesmo ano e que serviu para colocar a banda de novo em vigor (com direito a boas críticas). Mas a virada mesmo se deu no ano 2000 quando o Acústico MTV da banda, gravado de forma despretensiosa e com pouco apoio da gravadora, acabou por se tornar um dos últimos discos que realmente venderam no Brasil – foram mais de um milhão de cópias. O Capital Inicial chegou ao novo século numa posição inimaginável, agora eles eram a maior banda de rock do país e contavam com um número enorme de fãs adolescentes e pré adolescentes e não só os saudosos dos anos 80. Seguiram-se mais discos de sucessos, a saída de Lôro (substituído pelo ex-Viper Yves Passarell), um disco em homenagem ao Aborto Elétrico (a banda que deu origem a todo o rock de Brasília e que contava com Renato Russo(Legião Urbana) e Fê Lemos na sua primeira formação). Agora em 2007 o grupo está lançando Eu Nunca Disse Adeus , o décimo terceiro disco de carreira (computados discos ao-vivo e os dois lançados com Murilo nos vocais) e foi para lembrar momentos dessa história que conversamos com Felipe Lemos. O papo está logo aí.
Entrevista

Ouvindo o disco novo a coisa que se sente é que vocês no geral estão preferindo manter a pegada dos discos mais recentes ao invés de tentarem experimentar. É realmente por aí?




Dinho Ouro Preto
Sim, acreditamos que o Capital Inicial criou um estilo próprio, e que o mais importante agora é trabalhar dentro deste estilo, tentando fazer canções e discos cada vez melhores. As inovações são incorporadas ao nosso estilo, ao invés de tentarmos nos adaptar à elas.




Lendo algumas entrevistas dadas por vocês percebe-se que vocês olham muito para o passado e para os erros e acertos cometidos lá atrás. Funciona assim mesmo? Quando o capital precisa tomar alguma decisão vocês fazem essa revisão?



"Aquele que conhece o passado controla o futuro" - Acho que esta citação é de "1984", do George Orwell. A principal decisão que tomamos quando nos reunimos em 1998 foi não repetir os erros do passado. Não foi uma decisão lavrada em cartório, se você me entende, mas cada um de nós sabia onde tinha pisado na bola nos anos 80. Cada um tratou de cuidar do que era sua função dentro da banda, e perceber o mundo pelo o que ele é, e não pelo que queríamos que fosse.




"Eu nunca disse adeus" é um disco que soa bastante juvenil e isso foi bastante comentado na imprensa. Seria o caso de dizer que vocês estão mais na praia de Ramones, AC/DC e Aerosmith (bandas que sempre buscaram manter o espírito jovem) do que artistas como Bob Dylan, Lou Reed ou Bruce Springsteen (que não se preocupam tanto com isso)?




Capital Inicial
Sim, inclusive Ramones é nossa principal influência, e AC/DC é um dos grupos favoritos do Dinho. Apesar da sonoridade "juvenil", este disco tem canções que fogem deste estereótipo, como Eu e Minha Estupidez ou Um Homem Só. Como já foi dito, não sei por quem: "Juventude é algo que as pessoas de pouca idade tem em excesso." Isto não quer dizer que as de mais idade a tenham necessariamente perdido.




Se somarmos o disco do Aborto Elétrico e o Acústico, o Capital pós 99 já gravou mais discos que o da primeira fase. Quando as diferenças foram postas de lado e a banda retornou vocês imaginavam que iria ser desse jeito?



Quando nos reunimos não imaginamos nada disto. Apenas resolvemos voltar a tocar juntos, comemorar os 15 anos da banda, e ver no que ia dar. O que também nos moveu foi a vontade de não deixar a história do rock de Brasília morrer, já que em 1997 a Legião Urbana, a Plebe Rude e nós não existíamos mais. Não tínhamos nenhuma proposta de gravadora, nem projeto de gravar um disco. Tudo aconteceu naturalmente. Não dizem que o mundo conspira a favor? A história da nossa reunião é um exemplo.




Chama a atenção no caso de vocês perceber que esse público mais jovem trata o Capital como uma banda contemporânea deles ao contrário das outras bandas dos anos 80 que mesmo admiradas por essa molecada são vistas com um certo distanciamento (por serem bandas no geral que eles "herdaram" de um irmão mais velho ou mesmo de seus pais). É por aí?



Sim, e para isto não tenho explicação. Talvez a história da banda. Talvez o carisma e a eterna cara de moleque do Dinho. Talvez porque compomos músicas novas ao invés de viver do passado. Talvez a energia dos nossos shows. Recentemente recebemos uma fã adolescente no camarim, ela devia ter uns doze anos. Entre fotos e autógrafos ela me perguntou quantos anos a banda tinha. "Com o Dinho, 24 anos.", eu respondi. Ela não conseguiu acreditar, ficou olhando para ele e dizia, - "Mas, mas, eu sempre achei que ele tinha uns 25, 26 anos!" - "Então faça a matemática!", eu disse: - "Se a banda tem 24 anos e o Dinho 26, ele começou a cantar com..." e sorri para ela, que não conseguia acreditar no que ouvia. Me senti como um adulto contando para uma criança que Papai Noel não existe..




Vendo por esse lado vocês até devem agradecer por terem ficado mais á margem depois do primeiro disco, já que existe bem menos pressão em cima da banda para se "ater aos clássicos" não?




Fê Lemos
A renovação do nosso público ocorreu ao mesmo tempo que a renovação do nosso repertório. E, ao renovarmos nosso repertório, criamos uma série de novos "clássicos", hoje impossíveis de não serem tocados nos shows.Ficar à margem traz diversas conseqüências. Não foi nada divertido ver o nosso público diminuindo no início dos anos 90, ou um melancólico fim-de-carreira em 1997. Hoje sabemos que fez bem para o Capital Inicial o tempo que estivemos separados do Dinho, com o Murilo nos vocais. O Capital Inicial nunca parou. Não haveria sucesso agora se não tivéssemos segurado a barra 14 anos atrás, quando a banda se separou, ficou sem gravadora e sem músicas novas no rádio e tv durante sete anos.




Se há uns 10 anos um homem do futuro aparecesse na sua frente pra contar que o Capital seria uma das maiores bandas brasileiras do século XXI o que você iria pensar? (risos)



Eu pensaria que estava à frente de um homem de visão! Eu sempre gostei do que fiz, e sempre achei a minha banda a melhor. Ao mesmo tempo gravei músicas de qualidades distintas. Eu julgo os méritos do Capital Inicial não pelo sucesso, mas por algumas canções que provavelmente ninguém dá a mínima.




Voltando ao passado, o Dinho sempre falava em lançar um livro contando as histórias da turma da colina. Esse livro vai sair? E dá pra contar pra gente ao menos uma das histórias boas que não vão ficar de fora?



Capital Inicial
Diversas histórias já foram contadas. Tem o DVD do AE. Entrevistas antigas, e novas. O Dinho deve escrever, mas sei lá, deve demorar.




Como era o relacionamento de vocês com as outras bandas de lá. Falo não só do Renato Russo, mas também do pessoal da Plebe Rude e das outras bandas como o finis Africae ou o Escola de Escândalos?



Éramos todos amigos, em diversos graus. O André é o meu melhor amigo, assim como foi o Renato Russo. As pessoas que iam aparecendo se tornavam amigos, e acabavam montando suas próprias bandas. A medida que a turma ia crescendo cada banda tinha seus amigos mais íntimos, os que iam nos ensaios por exemplo. O número de bandas e de shows cresceu até o êxodo das três principais, em 84. Toda noite acontecia alguma coisa, em algum lugar, onde se encontravam "pedaços" da turma, mas era nas festas e nos shows que todo mundo reunia.




Por falar em Brasília, depois que vieram pra São Paulo vocês ainda mantiveram (ou mantém) algum vínculo com a cidade? Aquela coisa de saber das novas bandas, visitar os amigos e familiares...



Sim, eu e o Flávio. Nossos pais moram lá. Alguns dos meus melhores amigos também. Sobre novas bandas temos poucas notícias. Mas é só perguntar para o Philippe Seabra.




O disco novo foi composto pelo Dinho com o Alvin L. Queria saber um pouco desse processo de composição e de como é trabalhar com gente de fora. O resto da banda entra quando nesse processo?




Flavio Lemos
Eu entrei no estúdio com as músicas prontas. Ouvi a demo do CD várias vezes, a banda gravou uma base para mim, e eu toquei sozinho em cima desta base. Foi o meu melhor disco desde o Acústico, exceto o AE.




Outro nome constante nos trabalhos da banda é o do produtor Marcelo Sussekind. Queria que vocês me falassem um pouco do trabalho dele com o Capital.



Este novo CD é o sexto desde a volta, ele gravou quatro. E dois nos anos 80. Ele nos deixa à vontade. Já nos conhece há tanto tempo que sabe o caminho das pedras. De certo modo ele forjou a nossa sonoridade gravada. Mesmo as músicas mais pesadas não soam tão pesadas. Foi por isso que para gravarmos o projeto AE chamamos o Rafael.




Como é ser uma banda que ainda trabalha com uma gravadora grande e lança cds com tiragem alta, verba de divulgação e publicidade nesse mundo de mp3, velocidade de informação e bandas novas que já parecem veteranas com pouco mais de um ano de carreira?




Parece que é mais importante ser novo do que ser bom. Ou será que o que está ficando velho não são as bandas, mas sim a idéia, o conceito de que só o que é novo é que merece atenção? Será que as bandas não ficam datadas justamente por serem datadas? Conseguir um hit no rádio ainda é o maior trunfo de uma gravadora. A gravadora é importante para fazer a música chegar, e tocar, no rádio. Não é tudo o que a gente lança que emplaca, nem nós nem qualquer outro artista. Se a galera não gostar e não quiser ouvir de novo, não tem jabá que faça eles mudarem de idéia.




Vocês aderiram aos downloads ou ainda compram cds e discos na mesma proporção que antes?



Eu compro CDs, importados, porque o mercado de CDs de eletrônica nacional está apenas começando. Na verdade faço muito pouco downloads. Eventualmente compro vinis também, mas coisas antigas.




Diga dois momentos da história da banda: aquele que você considera o ápice e o ponto mais baixo e deprê pelo qual passaram.



São tantas emoções... O primeiro contrato, 1984; abrir pro Sting no Maracanã em 1986; gravar e lançar o Rua 47, 1994; a reunião da volta, num certo dia de fevereiro de 1998; tocar no Rock in Rio 3, 2001; o show em Sorocaba semana passada...
A briga no camarim do Circo Voador, 1993; o primeiro e último show pro Poladian, 1988; o Rock in Rio 2, 1990




Como é a relação pessoal entre vocês hoje em dia. Rola uma amizade como a do início dos anos 80 ou é mais uma coisa de colegas de trabalho? Vocês conversam sobre o período em que ficaram separados?




Capital Inicial
Rola uma grande amizade, e uma compreensão sobre a banda e cada um de nós que não havia antes. A época da porra-louquice ficou para trás. Não costumamos conversar sobre o passado. Nas entrevistas às vezes fazemos comentários sobre esse período, eu sinto que foi uma época que cada um de nós viveu de uma maneira peculiar, intensa, e individual. E dura... Como disse, todos sabemos que foi uma época decisiva para o que o Capital Inicial é hoje.






Criar uma Loja online Grátis  -  Criar um Site Grátis Fantástico  -  Criar uma Loja Virtual Grátis  -  Criar um Site Grátis Profissional